Moda do lenço [Canção do lenço]

(Severino Pelado)

Minha vida é um romance
De tristeza e de ilusão
Parece que o destino
Quis me fazer traição
A esperança é perdida
Quando conto minha vida
Dói em qualquer coração
Já amei já fui amado
Já vivi bem satisfeito
Já gozei a minha infância
Já tirei grande proveito
Exaltei a mocidade
Nunca pensei que a saudade
Fosse morar no meu peito
Na festa de Santo Antônio
Eu fui dançar no salão
Encontrei uma garota
De uma linda feição
E convidei prá dançar
E senti o amor cravar
Dentro do meu coração
Eu perguntei a donzela
Se ela era comprometida
Ela aí me respondeu
Eu nunca amei nem fui querida
Comprovei essa amizade
que vem trazendo saudade
Pro resto da minha vida
Se decorreram dez meses
Dessa amizade latente
Mas o destino não quis
que o nosso amor fosse em frente
Veio a morte enfurecida
Carregou minha querida
Que eu amava loucamente
Uma vez me avisaram,
que a garota adoeceu
Fui urgente a casa dela
Saber o que aconteceu
Nessa hora de aflição
Tava com um lenço na mão
Pegou o lenço e me deu
Me disse desanimada
Para o meu mal não tem cura
Eu vou morar lá no céu
Com Jesus lá nas alturas
Se despediu de seus pais
Disse adeus prá nunca mais
Nessa hora de amargura
Comigo guardei o lenço
Que recebi das mãos dela
Roxo da cor da saudade,
bordado em letra amarela
Já perdi toda esperança
Hoje só resta a lembrança
Do amor que eu tinha nela.
Um A um M e um B
as letra do nome seu
Nunca mais tive alegria,
depois que ela morreu
Inda hoje choro tanto
Enxugo o meu triste pranto
No lenço que ela me deu.