Salário de morte

(Roberto Riberti)

Osvaldo um bom operário
Bebeu feito um condenado
Torrou todo o seu salário
Ao ver o muito pouco que foi pago

De tristeza ou de bronca
Chorou saiu cercando frango
Deitou numa casinha branca
Com frio o pobre do durango

Fugiu do frio da madrugada
E entrou numa gelada
Cometeu o impropério
De dormir no cemitério
O jazigo foi fechado
E Osvaldo acordando
Cavocou desesperado
Mas cavou pro outro lado

Saiu num encanamento
Todo cheio de excremento
Que fedor que esgotamento
Mas enfim estava salvo
Abriu com força o bueiro
Pulou fora bem ligeiro
Ouviu um tiro foi certeiro
Caiu morto na área da penitenciária.