Heroína Cash

(Ricardo Botter Maio)

Heroína Cash partia de Atenas
Entre prazer e torpor
Deixava avisos e conselhos
Pra todas as meninas ao seu redor
Os fragmentos de seu amor
Em cada sílaba ou rabisco
Movimentariam pra sempre as
Engrenagens da saudade

Ninguém se lembra mais porque partiu
A não ser que foi num cinematográfico navio;
E que sonhava rever três amigas distantes
Por isso logo estava em Roma
Atrás de Bienvenida di Piu

A dama de virtudes num mundo imperfeito e cruel
Entrincheirada e ansiosa para sair do traiçoeiro carrossel

Em Tolouse elas buscaram Graciosa Papillon;
Que sabia de cor dezenas de nomes
De atores do cinema francês
Mas no fundo, os sonhos há estavam todos
Sumindo de uma vez,
E alçaria vôo num segundo com outras
Duas borboletas e um só coração

Aterrissariam em Londres pra carregar Estrellita Violin,
A bela que esvaziou tantos ricos bolsos alheios
E sempre tinha alguém pra socorrer
Que tantas cores transportava pelas ruas
Como um interplanetário arlequim

De ninguém se despediu
Quando partiu numa veloz constelação
Perfumada de jasmim

Heroínas, Bienvenidas
Graciosas Estrellitas
Partiam juntas pra ajudar a
Construir um mundo novo
Sem amores pagos
Sem destinos de medo
Sem carícias compráveis
Sem falsos afetos