Ventania [De como um homem perdeu seu cavalo e continuou andando]

(Geraldo Vandré e Hilton Accioly)

Meu senhor, minha senhora
vou falar com precisão
Não me negue nessa hora
seu calor, sua atenção
A canção que eu trago agora
fala de toda a nação

Andei pelo mundo afora
querendo tanto encontrar
um lugar prá ser contente
onde eu pudesse ficar
Mas a vida não mudava
mudando só de lugar

E a morte que eu vi no campo
encontrei também no mar
Boiadeiro e jangadeiro
Iguais no mesmo esperar
Que um dia se mude a vida
em tudo e em todo lugar

Pra alegrar eu tenho a viola
pra cantar minha intenção
pra esperar tenho a certeza
que guardo no coração
Pra chegar tem tanta estrada
pra correr meu caminhão

Já soltei o meu cavalo
Já deixei a plantação
Eu já fui até soldado
hoje muito mais amado
sou chofer de caminhão

Já gastei muita esperança
Já segui muita ilusão
Já chorei como criança
atrás de uma procissão
Mas já fiz correr valente
quando tive precisão

Amor prá moça bonita
repeito prá contrmão
saudade vira poeira
na estrada e no coração
Riso franco, peito aberto
sou chofer de caminhão

Se você não vive certo
se não ouve o coração
não se chegue muito perto
não perdôo ingratidão
Riso franco, peito aberto
vou cantar minha canção

De setembro a fevereiro
o que vi não vou negar
Rodando país inteiro
norte, sul, sertão e mar
aprendi ser tão ligeiro
que ninguém vai segurar

Fui vaqueiro e jangadeiro
no campo e no litoral
Cantador serei primeiro
cantando não por dinheiro
por justo anseio geral